sábado, 31 de maio de 2008

Continuando...

*Foto da tribo indígena legendada pela rede BBC News
Tive dificuldades para encontrar notícias interessantes relacionadas ao Brasil publicadas neste sábado. A grande maioria dos meios de comunicação internacional continua falando sobre a descoberta da tribo indígena na Amazônia. El País, jornal espanhol, a rede americana CNN são alguns dos veículos que repercutem tal acontecimento atualmente. Confesso que fiquei bastante supresa com tamanha divulgação.
Entre tantas citações, o site do canal inglês BBC News, somente ontem, publicou três reportagens sobre o assunto. Na primeira delas anunciava a “descoberta”, sob o título “Tribos isoladas encontradas no Brasil”. Na segunda, destrinchava cada detalhe das fotografias, sob o título “Enigma Amazônico: o que as fotos nos revelam sobre a tribo amazônica?”. Na terceira e última da série, divulgou um vídeo a respeito do assunto. Ainda no site da BBC News, a notícia sobre a tribo indígena estava entre as cinco histórias mais populares no momento. É, parece que o “primeiro” mundo não imaginava mesmo que tal fenômeno pudesse existir, e agora estão completamente embasbacados. Só espero que não generalizem tal assunto, e construam novamente a imagem de que todos nós brasileiros vivemos em árvores.


Fonte: BBC News; El País; CNN


Imagem: BBC News

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Incomunicáveis

Fotos de uma tribo indígena do Acre, divulgadas nesta quinta-feira, provocaram grande repercussão na mídia internacional hoje. O peculiar destas fotos é que a tribo retratada nunca entrou em contato com nenhum tipo de civilização. Os veículos internacionais ficaram, digamos, espantados.
O site da ABC News, rede de televisão norte-americana, considerou as fotos um maravilhoso achado, mas ao mesmo tempo, “dramáticas”, e acrescentou que elas são um reflexo da situação de precariedade das “perdidas” tribos indígenas remanescentes, e do perigo que elas enfrentam no contato com a civilização. As fotos mostram índios pintados de vermelho, segurando arcos e flechas, no meio da “selva” (termo usado pelo jornal).
A notícia, intitulada “Descoberta de tribo amazônica levanta dilema sobre convívio”, aborda a questão sobre se tribos como essa devem continuar mantidas incomunicáveis. A resposta do um expert americano em Amazônia, Thomas Lovejoy é de que não. Para ele, o contato e a mudança devem ser estabelecidos, porém em um ritmo conduzido pelos próprios índios.
A tribo fotografada vive no Acre, na fronteira entre o Brasil e o Peru. Segundo a notícia, esta área abriga mais de 50 tribos incomunicáveis, das 100 estimadas de existirem ainda no mundo. Também de acordo com a matéria, estas tribos estão em perigo, principalmente do lado peruano, onde, observa, o reconhecimento das áreas de proteção indígenas é mais lento.
Em depoimento à rede americana, José Carlos Meirelles, oficial da Agência Brasileira de Proteção Indígena, diz que as tribos devem permanecer sozinhas o maior tempo possível; e acrescenta “Enquanto estivermos recebendo flechas na cara, está bom, no dia em que forem bem comportados, eles estão acabados”.
A notícia lembra que o contato de índios com o desenvolvimento já foi bastante desastroso para o Brasil, que hoje contabiliza cerca de 350 mil índios, comparados com os cinco milhões que existiam na época que os primeiros europeus chegaram.
Em minha opinião, deixemos os índios em paz. Não vamos deixar que os americanos queiram também tomar “posse” deles, e colonizá-los.
Fonte: ABC News

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Amazônia em foco II

Há aproximadamente um mês publiquei neste blog uma notícia sobre a Amazônia, que abordava a proposta de uma lei de vigilância sobre as pessoas que transitam por lá. Agora, a Amazônia entra mais uma vez em pauta. Na semana passada, uma reportagem divulgada pelo respeitado jornal norte-americano, The New York Times, provocou polêmica e grande repercussão nacional. A matéria intitulada “De quem é a Amazônia, afinal?”, sugere que o território amazônico é patrimônio internacional, e não apenas brasileiro.
A reportagem, repleta de tiradas irônicas, inicia dizendo que o Brasil, há muito tempo, tem olhado atenta e nervosamente (!!) para o território vasto e em sua maioria desabitado, que é a Floresta Amazônica. A matéria diz que desde os anos 60 e 70, a colonização da Amazônia é vista como uma prioridade de segurança nacional e que o nosso lema é “Ocupar para não entregar”. Desta forma, cita que construímos estradas e recebemos incentivos para transformar a Amazônia em nome do desenvolvimento. Ok. Isto é verdade. Mas para o periódico, existe muito mais escondido por trás do nosso nervosismo (como gostam de classificar a nossa atenção pela Amazônia), do que apenas uma teoria da conspiração.
Um trecho, talvez o mais absurdo da reportagem, afirma que com as promessas de biodiversidade e perigos do aquecimento global, “um coro de líderes internacionais está declarando a Amazônia como parte de um patrimônio muito maior do que apenas das nações que dividem o seu território”. Para piorar, é citada uma declaração feita pelo famoso ex-candidato à presidência dos Estados Unidos, Al Gore, em 1989, na qual ele diz que ao contrário do que nós brasileiros pensamos, a Amazônia não é nossa propriedade, e sim pertence a todos. Será que os americanos não vão parar de insistir nesta história? E que tantos “líderes internacionais” são esses que clamam pela Amazônia? Se não me engano, até hoje esta discussão foi sempre suscitada por nossos amigos yankees. Pelo menos a matéria revela que tais comentários acima citados não são bem vistos por aqui.
Procurando ainda mais argumentos para sustentar sua teoria, o New York Times, declara que não estamos protegendo bem a Amazônia, o que poderia ser constatado através das notícias de desmatamento que são publicadas e que somos extremamente sensíveis a cientistas estrangeiros trabalhando na Amazônia; e acrescenta que todo o debate em torno desta questão apenas reflete a oposição entre nossos direitos de soberania e o patrimônio mundial (!!).
A reportagem cita a imensa importância da floresta equatorial para o clima mundial, mas tenta jogar uma imensa culpa em nós, dizendo que as queimadas e decomposições das árvores cortadas por causa do desenvolvimento são responsáveis por quase metade da emissão de gases que provocam o efeito estufa. Tudo bem, sabemos que devemos tomar mais cuidado com as explorações ilegais e excessivas da Amazônia, mas será que eles sabem que são os maiores poluidores de todo o planeta?
Em fim, a reportagem continua desesperadamente tentando convencer seu leitor de que a Amazônia é patrimônio global e que nós somos totalmente incapazes de cuidar dela. A notícia sofreu tamanha repercussão, que o Presidente Lula, se manifestou. “‘A Amazônia brasileira tem dono’”, disse em discurso, e acrescentou: “... ‘engraçado’ que países responsáveis por 70% dos poluentes jogados na atmosfera estejam de olho na Amazônia, como se somente o Brasil fosse responsável por conter a degradação ambiental”. É isso aí, companheiro.
Fonte: The New York Times
Portal G1 - Globo.com
Imagem: The New York Times

domingo, 25 de maio de 2008

Parada do Orgulho Gay é notícia internacional

A famosa Parada Gay ocorrida em São Paulo hoje foi notícia internacional. O portal de notícias Yahoo News noticiou o acontecimento sob o título “Milhões dançam, comemoram e celebram o orgulho gay em parada anual no Brasil”.
“Milhões de pessoas com bandeiras de arco-íris e esbanjando fantasias de carnaval, comemoraram e dançaram durante a Parada Gay, ocorrida na maior cidade da América do Sul neste domingo, celebrando e orgulho e gay e pedindo um fim para a homofobia e o preconceito”, assim inicia a notícia. A notícia relata a presença de gay, lésbicas e travestis na parada que contou com música alta, vinda de mais de 20 trios elétricos, e que aconteceu na Avenida Paulista, definida como “cercada de arranha-céus” e como o “coração financeiro” de São Paulo .
Segundo a notícia, os organizadores esperavam mais de três milhões de pessoas nesta 12ª edição da Parada do Orgulho Gay de São Paulo, considerada tradicionalmente uma das maiores do mundo. Ainda segundo o portal de notícias o departamento de turismo de São Paulo esperava atrair 330 mil turistas, dos quais 5% seriam estrangeiros.
A notícia ressalta que a Parada Gay encerra uma semana cheia de atrações, incluindo A Feira Cultural Gay, o Dia Gay, e o Fórum Internacional GLS.
Fonte: Yahoo News
Foto: Yahoo News

quinta-feira, 22 de maio de 2008

"Pintados e cobertos de penas"

Esta semana o engenheiro da Eletrobrás, Paulo Fernando Rezende, foi ferido com um golpe de facão no braço durante um desentendimento com a tribo indígena Caiapó, por causa de uma discussão a cerca da construção de uma represa hidrelétrica no Rio Xingu. A repercussão tanto aqui no Brasil como na mídia internacional foi grande.
O jornal USA Today divulgou tal acontecimento nesta terça-feira, 20, em notícia sob o título “Índios atacam oficial brasileiro por cause de represa”. A notícia começa relatando que índios pintados e “cobertos de penas” golpearam o engenheiro Paulo Rezende, durante um protesto contra a proposta de construção de uma represa hidrelétrica.
O ataque aconteceu após o discurso do engenheiro, no qual discutiu os impactos que a represa Belo Monte teria sobre as comunidades tradicionais da cidade amazônica de Altamira. Logo após o ataque, Rezende apareceu sem camisa e com uma profunda ferida em seu braço, mas dizia que estava bem, e foi rapidamente levado ao hospital por seus colegas.
Na notícia, um dos integrantes da tribo, Partyk Caiapó, se pronuncia dizendo que Rezende tinha sorte de estar vivo e complementou dizendo que “eles querem fazer a represa, mas agora sabem que não devem”. Depois do ataque, Partyk, que segundo a publicação tinha o rosto pintado de vermelho e não vestia nada mais do que um short azul, e outros indígenas, dançaram e celebraram com facões nas mãos.
Segundo o governo brasileiro a hidroelétrica de quase sete bilhões de dólares suprirá a crescente necessidade energética brasileira. Em seu discurso, Rezende disse que os impactos resultantes da construção da represa não serão tão ruins como os ambientalistas dizem.
Segundo o site do USA Today, a polícia está investigando o acontecido, mas ainda não tem suspeitos. Não ficou claro quem teria cortado Rezende. A notícia também relembra um caso bastante similar, ocorrido em 1989, onde um também engenheiro da Eletrobrás teria sido golpeado no rosto. Na época, depois deste incidente, o Bando Mundial cancelou os empréstimos para o Brasil, destinados à construção de represas.
Casos como este de Rezende, são assustadores. Claro que as represas hidrelétricas com certeza representam riscos para as comunidades indígenas que vivem próximo ao Rio Xingu, e para a biodiversidade. A construção destas tem que ser muito bem estudadas. Porém, isto não justifica a violência cometida contra o engenheiro Paulo Fernando Rezende.

Fonte: USA Today

Foto: USA Today

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Repercussão internacional

Acredito que muitos de vocês (inclusive eu) já estão cansados de ouvir mais e mais notícias sobre o caso Isabella. Não por uma questão de insensibilidade, ou falta de comoção, mas sim por respeito aos familiares e à própria memória da menina Isabella, já tão explorados pela mídia. Todavia, como o objetivo do blog é divulgar as notícias sobre o Brasil que são veiculadas no exterior, não poderia deixar de comentar aqui a grande repercussão que o caso teve no exterior.
O jornal francês Le Monde, foi um entre tantas outras publicações internacionais, que discutiram o caso. O jornal publicou na quinta-feira passada, dia 15, uma interessante notícia sobre a tragédia, na qual não se preocupa tanto em relatar o acontecido, mas sim em analisar a tamanha repercussão causada.
Sob o titulo “O sorriso de Isabella assombra o Brasil”, a notícia inicia descrevendo todo o processo de reconstituição do crime, enfatizando o grande “circo” que foi armado pela polícia brasileira para tal, e a enorme comoção do público para acompanhar. A publicação então revela que este infanticídio gerou uma imensa comoção social em um país que bate recordes de violência, com 50 mil homicídios por ano (!!!). A notícia então compara o caso com o desaparecimento de uma menina inglesa, Madeleine McCann, desaparecida em Portugal, que ocorreu há um ano e provocou semelhante comoção na Inglaterra.
A notícia aponta diversos motivos para o crescente interesse do público pelo caso. O fato de que o casal (pai e madrasta de Isabella) se declara inocente, apesar de tantos indícios de que são culpados é um deles. Outro seria o fato de que os protagonistas da história pertencem à classe média, com o qual muitos brasileiros poderiam se identificar. Como último fermento da comoção pública a notícia cita a presunção e habilidade dos advogados do casal para mantê-los em liberdade por tanto tempo.
O imenso clima de frenesi mantido pela mídia é enfatizado na publicação, que cita o enorme esquema montado pela Rede Globo para cobrir o caso, e lembra que até o Presidente Lula pediu prudência à mídia ao tratar do caso.
A notícia ainda revela dados do Ministério da Saúde, que revelam que no Brasil uma criança de menos de 14 anos é assassinada a cada dez horas e que uma parte desses crimes ocorre no contexto familiar. Ainda segundo estimativas do laboratório de estudos sobre a infância da Universidade de São Paulo (Lacri), menos de 10% dos casos de violência física e psicológica chegam ao conhecimento das autoridades.
A notícia realça que o caso Isabella permite que os brasileiros reflitam sobre as causas dessa violência e os meios de reduzi-la. Além das considerações gerais (pobreza, falta de educação, distúrbios familiares), os especialistas do Lacri lembram que a violência contra as crianças faz parte da cultura brasileira. O castigo corporal continua sendo para muitos pais um método pedagógico eficaz e legítimo.
Hoje os nossos esforços se concentram na prevenção, segundo a notícia. Um "número verde" permite que qualquer pessoa indique anonimamente por telefone as agressões contra crianças que tenha presenciado. Em 2007 foram recebidas cerca de duas mil denúncias desse tipo. A publicação então revela que em 29 de março vários vizinhos da família de Isabella ligaram para o número de emergência. Mas era tarde demais.
Espero sinceramente que a mídia diminua a ênfase que tem dado ao caso Isabella. Podemos ver que até a imprensa internacional já constatou tamanho absurdo. Deixemos que a justiça agora seja feita em paz.
Fonte: Le Monde

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Batalha perdida?

A renúncia da Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi e continua sendo manchete de vários jornais e noticiários brasileiros e também tem sido amplamente discutida no exterior. Diversos veículos internacionais vêm criticando a postura do governo brasileiro.
O site do jornal espanhol, El País, divulgou a notícia sob o título “Lula dá as costas para a maior defensora da Amazônia”. A reportagem considera a renúncia de Marina Silva como altamente prejudicial para a imagem internacional do Brasil e para o movimento ecologista. Ressalta também que tanto o Greenpeace como o Comitê Chico Mendes lamentam a saída da ministra.
O acontecimento foi igualmente discutido no site do jornal argentino Clarín, e no site da famosa agência de notícias Reuters.
Sob o título “Presidente brasileiro coloca economia à frente da Amazônia”, a notícia divulgada na Reuters critica certas medidas atualmente tomadas pelo presidente Lula, e elogia a ex-ministra Marina Silva. De acordo com a notícia, Lula, aclamado por ser o primeiro “presidente verde” quando tomou posse, submeteu-se à idéia de que a Amazônia tem que ser desenvolvida de algum modo, conseqüentemente estreitando suas ações ambientais, e se mostrando bastante conservador ultimamente.
A saída de Marina Silva, ativista política, cuja nomeação como Ministra do Meio Ambiente marcou uma ruptura com o passado conservador brasileiro, realça a longa jornada de Lula; de um líder ativista para amigo dos negócios.
Segundo a divulgação da Reuters, a renúncia de Marina Silva acontece em um momento crítico para a maior floresta equatorial do mundo, cujos recursos naturais vêm sendo pressionados pelo aumento no preço mundial dos alimentos e na demanda de energia.
A notícia relata o crescente isolamento da ex-ministra dentro do time de Lula, já que ela era contra diversas questões apoiada pelo governo como alimentos geneticamente modificados, energia nuclear e bicombustível. A gota d’água causadora da renúncia teria sido a decisão do presidente Lula em nomear Robert Mangabeira, Ministro dos Assuntos estratégicos, para cuidar do Plano Amazônia Sustentável, deixando de lado Marina. Em sua carta de renúncia, Marina diz que o principal motivo para sua decisão é a dificuldade que vem tendo em levar adiante a agenda nacional do meio ambiente.
Todos nós perdemos uma grande guerreira nesta batalha pela preservação da Amazônia. Convido a todos para ficarmos de olho no desenrolar desta história e cobrar do governo que cumpra com suas promessas iniciais.
Fonte: Reuters
Clarín
El País
Foto: El País

terça-feira, 13 de maio de 2008

Diferenças raciais

Encontrei hoje uma notícia interessante no site do famoso jornal norte-americano, The New York Time, sobre as diferenças raciais tão presentes no Brasil. Segundo o jornal o número de negros no país superará o de brancos este ano, mas ressalta que o abismo entre os dois grupos deverá levar mais 50 anos para ser superado.
De acordo com pesquisas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil, país que possui a segunda maior população negra do mundo (ficando atrás apenas da Nigéria), está há décadas de atingir uma igualdade racial, mesmo com a aplicação de algumas medidas públicas que visam diminuir este quadro.
O jornal trás alguns dados do Dieese que refletem bem nossas diferenças raciais. Como por exemplo, o fato de que o salário dos negros chega a ser de 50 a 70% menor do que o dos brancos, e o de que os negros ocupam apenas de 3 a 5% das posições de direção nas mais de 500 grandes empresas brasileiras. Outro dado me assustou. De acordo com um estudo realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 2004, a diferença de renda entre brancos e negros no Brasil é maior do que a existente na África na época do Apartheid.
A notícia cita também, a política de cotas implantada nas universidades públicas, que tem “ajudado” a ameniza tanta desigualdade. Inclusive a problemática desta política de cotas é observada pelo jornal, que cita esta medida como complicada já que no Brasil a mistura racial é muito forte, e exemplifica mostrando que pessoas de pele clara acabam tomando o lugar de negros nas cotas. O que o jornal parece desconhecer é que as cotas não utilizam como critério apenas a etnia, mas também a escolaridade do candidato.
Em depoimento para o NYT, o Ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, disse que considera a luta contra a escravidão no Brasil uma das mais bonitas, mas que ela não incluiu medidas que garantissem os direitos humanos para os negros.
Esta pesquisa do governo, de acordo com a notícia, foi lançada hoje (13/05), para coincidir com o aniversário de 120 anos da abolição no Brasil. Em 1888, o Brasil foi o último país ocidental a abolir a escravidão. Segundo a pesquisa, em 1890 os negros constituíam 56% da população brasileira, mas este número caiu para 36% em 1940. Já em 1976 a população branca seria de 57% contra 40% de negros e mestiços. A pesquisa revela que este a população de negros superará os 50%.
A comunidade internacional está alerta para a desigualdade racial brasileira. Por quanto tempo muitos de nós continuará a fingir que ela não existe?

Fonte: The New York Times

quinta-feira, 8 de maio de 2008

O "verdadeiro Rio"

Uma notícia preocupante foi publicada no site do jornal inglês The Guardian, nesta quarta-feira, 7. A notícia abordou o crescente mercado turístico das favelas do Rio de Janeiro, em uma notícia sob o título: “Criminosos, armas e drogas – agora turistas podem ver o “verdadeiro Rio”.
A notícia começa alertando os leitores de que estes poderiam ser desculpados se quando imaginassem um feriado no Rio, logo pensassem em tomar sol na praia de Copacabana, escalar o Pão de Açúcar, ou dançar o samba com a barriga cheia de caipirinha. Porém, a notícia logo anuncia uma nova atração adicionada à lista: posar para fotos ao lado de jovens traficantes segurando armas russas e sacos de cocaína boliviana.
Segundo o The Guardian, a polícia do Rio de Janeiro investiga uma denúncia feita por um jornalista, que diz ter entrando disfarçado na favela da Roçinha, no Rio, e presenciado guias turísticos apresentando ignorantes gringos ao líder da facção e depois visto ambos posando para fotos.
A notícia revela que existem em torno de 600 favelas no Rio, que abrigam milhões de pessoas em situação de pobreza. Também é citado que a maioria dos brasileiros não recomenda a ida às favelas, mas que os turistas, por outro lado, tem demonstrado cada vez mais interesse nesta pobreza escondida. Desde os anos 80, quando os guias turísticos começaram a sugerir formas de entrar sorrateiramente nas favelas, que esse turismo clandestino começou a crescer. Desde então, as agências turísticas oferecem aos turistas a chance de falar com os “nativos”, visitar projetos sociais e comprar autêntico artesanato brasileiro. Hoje, por aproximadamente 30 dólares por pessoa, as agências oferecem transporte aos turistas sedentos por emoção, para uma versão real da Cidade de Deus, em referência ao aclamado filme brasileiro.
O próprio jornalista que escreveu a notícia relata sua experiência de incursão pelas favelas do rio. Ao questionar o guia se este não achava tais visitas, que incluem até fotos segurando as armas dos traficantes, um pouco exageradas, este teria balançado a cabeça rispidamente e dito: “É importante que os turistas conheçam o verdadeiro Rio”.
O que esta notícia relata é bastante interessante. Os veículos internacionais já estão cientes da situação das nossas favelas e dessas visitas turísticas, que de certo modo são perigosas. Agora o governo do Rio e o governo brasileiro têm que tomar uma atitude. Será que realmente é de interesse dos turistas conhecerem o “verdadeiro Rio”, ou será que essa vontade não foi criada pelas agências de turismo e imposta a eles? Uma questão para se pensar.
Fonte: The Guardian
Fotos: Globo.com